terça-feira, 2 de novembro de 2010

A EDP fazendo sucesso além mar?!

Este anúncio foi publicado na revista portuguesa Tabu. Estariam falando da nossa EDP? Sobre o que seria a propaganda? Quem sabe?

domingo, 31 de outubro de 2010

Internet, seleção natural e algumas questões

O livro é "What the Internet is doing to our brains the shallows" e procura descrever os possíveis efeitos do uso exacerbado da Internet sobre os nossos cérebros, logo sobre nossas vidas, a longo prazo. Mas o que esta leitura me leva a questionar, partindo de um viés evolucionista, é sobre que homem será selecionado pelas circunstâncias contextuais de uso da Internet. O funcionamento da Internet articula-se em torno de um conjunto de  habilidades do internauta, em detrimento a outras habilidades pouco favoráveis. Nesse sentido, a Internet ocuparia o lugar de uma variante ambiental, embora seja um espaço virtual, selecionando tipos favoráveis para a vida, e tipos desfavoráveis para a morte! E aí poderia vir uma segunda questão: que habilidades têm sido favorecidas pelo uso da Internet? Escritas breves, leituras superficiais, concentração difusa poderiam compor uma possível lista, certo? E que habilidades deixariam de existir? E o que arranjo social podemos esperar partindo desse sujeito pós filtro seletivo via WEB, a longo prazo? Um exercício divertido seria compor esta lista de habilidades que estariam sendo favorecidas ou não nos padrões de navegabilidade atuais. Quem se habilita?
Sobre o livro, logo vem uma resenha por aí. Aguardem...

Referência do livro:
CARR, Nicholas (2010). What the Internet is doing to our brains the shallows. W.W.Norton e Company, New York e London.

sábado, 11 de setembro de 2010

Diversidade do cerrado




Vemos nessas fotos a diversidade de aves que o cerrado apresenta. O cerrado tem muitas belezas escondidas, basta um pouco de paciência e vocês verão a magnífica diversidade de animais, principalmente a de aves.
Nas fotos temos respectivamente: Pica-pau-do-campo ( Colaptes campestris )
, Saracura-do-mato ( Aramides saracura ) e Curicaca ( Theristicus caudatusm ).

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Sonolência excessiva durante o dia é distúrbio que afeta 5% da população

Cochilar ao volante, perder o fio da meada durante uma conversa e repetir atos automáticos, sem consciência do que se está fazendo, podem ser sintomas de um distúrbio cada vez mais presente nos consultórios de neurologistas: a síndrome do sono insuficiente de origem comportamental, que atinge 5% da população.
O quadro, cujo principal sintoma é a sonolência excessiva durante o dia, tem a ver com o ritmo da vida moderna, aponta o neurologista Flávio Alóe, coordenador do Laboratório do Sono do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HC-USP). E, mais do que uma situação normal, é um problema que pode e deve ser tratado.
Além de causar a perda da produtividade, a sonolência excessiva também coloca em risco a vida daqueles que dirigem, cuidam de crianças ou operam máquinas. O quadro foi um dos principais temas debatidos durante o 24.º Congresso Brasileiro de Neurologia, que aconteceu no Rio, no mês passado.
'As pessoas têm tempo para o segundo emprego, para se dedicar à internet e às redes sociais. Só não têm tempo para dormir. Então, ficam sonolentas, produzem menos, se expõem ao risco ao dirigir, porque não pagam seu débito de sono', afirma Alóe.
A sonolência excessiva funciona como uma febre, que avisa que algo vai mal no organismo. É preciso que o paciente passe por exames médicos, para excluir doenças que influem na qualidade do sono, como Parkinson, epilepsia, apneia (obstrução das vias respiratórias durante o sono) ou narcolepsia (estado de sonolência contínuo com crises incontroláveis). Em todo o mundo, entre 32% e 40% das pessoas relatam, em um ano, terem enfrentado dificuldade para dormir durante algum período.
'É possível enfrentar o problema melhorando a qualidade de vida. Tomando cuidados com a alimentação e praticando exercícios', afirma o neurologista suíço Claudio Bassetti, presidente da Sociedade Europeia do Sono. 'O indivíduo tem de dormir o tempo que for preciso para se manter desperto e atento no dia seguinte. Na maioria dos casos, esse tempo varia de 7 a 10 horas por noite', explica.
Consequências. Bassetti ressalta que o sono insuficiente provoca problemas de memória, dificuldades de concentração e alterações de humor. Nas mulheres, é comum ocorrer depressão. Os homens se tornam mais agressivos e eufóricos.
Alóe ressalta que o estado de uma pessoa que passou a noite sem dormir é comparável à embriaguez. Segundo ele, já há leis que punem as pessoas que expõem outras a risco por privação do sono. É o caso do Estado de Nova Jersey, que pune com até 10 anos de prisão o motorista que provoca o acidente depois de estar insone.
A lei, conhecida como Maggie's Law, foi aprovada após a morte da estudante Maggie McDonnell, de 20 anos, atropelada por um homem que havia trabalhado 30 horas consecutivas.
No caso de Solange Lima Vianna, de 80 anos, a falta de sono prejudicou durante muitos anos todo seu cotidiano - ela não dormia nem durante o dia, nem à noite. Por mais de dez anos, só adormecia depois de ingerir calmantes. Até que, orientada pela cardiologista, mudou a alimentação e cortou o café.
'Eu dormia com o remédio, mas acordava mal, passava o dia indisposta. Depois da cardiologista, mudei minha alimentação e pequenas mudanças devolveram meu sono', conta.
Por Clarissa Thomé / RIO, estadao.com.br




O que incomoda seu sono? saiba o que fazer


http://vidaempaz.wordpress.com/2008/10/24/o-pode-estar-incomodando-seu-sono/

segunda-feira, 6 de setembro de 2010



O WORM IN YOUR BRAIN (O VERME EM SEU CÉREBRO)

mushroom and brain
Uma das coisas mais fascinantes sobre a história da vida é a maneira espécies distantemente relacionadas pode parecidos. Em alguns casos, as semelhanças são superficiais, e em outros casos, eles são sinais de um ancestral comum. E, às vezes, como no caso do nosso cérebro e os cérebros de vermes, é um pouco de ambos.
A principal característica do nosso cérebro é uma pilha enorme de neurônios densamente tecido chamada de córtex cerebral. Uma vez que o nosso cérebro absorve informações sensoriais, é o córtex que integra, faz todo o sentido da mesma, aprende com ele, e decide como responder. Se você comparar o nosso córtex aos de nossos parentes próximos, os macacos, são quase idênticos em sua estrutura, embora o nosso córtex é muito grande para a nossa dimensão corporal. Se você olhar para mais longe, você vai encontrar a mesma arquitetura básica do córtex em todos os vertebrados, apesar de diferentes partes são de tamanhos diferentes em diferentes espécies. Porque essas semelhanças são tão consistentes em muitas maneiras diferentes, e porque é possível rastrear as alterações para o córtex ao longo das linhas de descendência diferente, eles são fortes indícios de que o ancestral comum de todos os vertebrados tinham um córtex.
insect diagram
Vertebrados não são os únicos animais com sistema nervoso, no entanto. Insetos, crustáceos, vermes e outros invertebrados têm sistemas nervosos que são também organizadas em torno de um cabo central.Esses invertebrados geralmente têm um grande aglomerado de neurônios na parte frontal do cabo que funciona como o nosso cérebro faz: é onde a informação sensorial entra, e vários comandos sair. E, em alguns invertebrados, como insetos e aranhas, estes cérebros bem embalado grupos de neurônios que são essenciais para permitir que estes animais aprender associações entre cheiros e alimentos e outras lições importantes. Estes grupos são conhecidos como corpos de cogumelo.
As semelhanças entre os organismos de cogumelos e nosso córtex não são esmagadores, mas são tentadores. O córtex cerebral e os organismos de cogumelos desempenham papéis semelhantes, e suas disposições são semelhantes. organismos Mushroom são parceladas até mesmo em regiões distintas, assim como temos para lidar com regiões visão, olfato, e outras tarefas.
Por outro lado, os organismos de cogumelos estão faltando muitos dos marcos do córtex vertebrados. As regiões cerebrais que se conectam para não ter contrapartidas em nosso cérebro.E enquanto todos os vertebrados têm um córtex, um monte de invertebrados não têm sabido corpos de cogumelo.
Tradicionalmente, os cientistas concluíram que os corpos de cogumelo e do córtex são um exemplo de convergência. asas de pássaros e morcegos ambos têm, por exemplo, mas seu ancestral comum não. Em vez disso, as duas linhagens diferentes alas evoluíram muito depois.Depois de muitos dos principais ramos de animais se separaram entre 600 e 550 milhões de anos atrás, a linhagem dos vertebrados desenvolveu um cérebro com um córtex, e alguns invertebrados evoluiu corpos de cogumelo.
Ao longo dos últimos trinta anos, os cientistas acrescentaram uma nova linha de evidência para a busca da origem do cérebro e outras características. Eles podem agora identificar os genes que constroem os traços. Como um embrião se desenvolve, determinados genes chave no cérebro para começar a construir o córtex. Os mesmos genes construir nosso próprio cérebro também, que não é surpreendente, uma vez todas as outras evidências que o ancestral comum dos ratos e os seres humanos tinham um córtex.
Mas os cientistas tiveram algumas surpresas maravilhosas quando eles compararam genes de espécies afins, mais distante. Jellyfish, gafanhotos, e os seres humanos têm todos os olhos, por exemplo, mas eles são radicalmente diferentes uns dos outros, pelo menos anatomicamente. No entanto, eles também compartilham alguns dos mesmos genes para a construção de receptores de luz e outras peças. Então eles são realmente uma mistura de convergência e uma ascendência comum. Eu escrevi sobre a evolução de olhos no Banco Tangled, em uma seção extraído pela New York Academy of Science aqui.
ragworm
O córtex agora vem a seguir a mesma história como o olho.Detlev Arendt do Laboratório Europeu de Biologia Molecular e seus colegas decidiram comparar os genes que constroem o córtex dos mamíferos aos genes que constroem corpos do cogumelo em invertebrados. Eles estudaram um pouco linda criatura chamada ragworm. Eles escolheram esse nome porque tem enorme, para-estudo corpos de cogumelo fácil, porque ele tem evoluído mais lentamente desde os invertebrados vertebrados divisão de moscas e outras espécies bem estudadas. Os cientistas realizaram um levantamento detalhado exquisitely,mapeamento de um número de genes foram tornando-se ativos no cérebro ragworm desenvolvimento, até a célula individual.
A figura aqui mostra uma semelhança notável. À esquerda, há um córtex do rato em desenvolvimento. Abaixo está um gráfico mostrando onde um grupo de genes são expressos. A faixa colorida no cérebro corresponde ao eixo vertical do gráfico. E à direita é um diagrama do cérebro ragworm desenvolvimento. Se você duplicar a fita no córtex do rato e unir duas pontas em um garfo, você tem uma região em que muitos dos mesmos genes são expressos em um padrão quase idêntico. E que bifurcada dum regiões da!, Torna-se eventualmente os corpos de cogumelo.
cortex diagram
Assim, nosso córtex acaba por ser muito mais velha do que se pensava anteriormente. O ancestral comum de nós e, ragworms uma criatura como um verme que viveu 600 milhões de anos, não só tinha um cérebro, mas tinha uma ur-cortex. E provavelmente usado que o córtex ur para aprender sobre seu mundo, provavelmente a aprendizagem sobre os odores que cheirou. descendentes que divergiu do animal em diferentes formas, e as ur-córtex mudou ao longo do caminho. No entanto, eles ainda usavam muitos dos mesmos genes que seu ancestral há muito tempo. Então, da próxima vez que você splat uma mosca na parede, lembre-se: houve um córtex lá.
mushroombody tree
03 de setembro de 2010 04:56 por Carl Zimmer in http://blogs.discovermagazine.com/loom/

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Natureza: Egoísmo e Altruísmo



Nesta cena, um chimpanzé juvenil empurra deliberadamente seu próprio irmão para o curso d'água adjacente. Os adultos reagem imediatamente e um deles (provavelmente a fêmea parental) socorre o filhote antes de qualquer acidente grave.
O comportamento do juvenil poderia ser classificado como egoísta e o de salvamento dos parentais, como um comportamento de natureza altruísta?
Os seres vivos são essencialmente egoístas ou altruístas? Essa classificação da natureza é pertinente ou não tem nenhum sentido?
Comportamentos egoístas na espécie humana seriam homólogos àqueles observados em outros táxons animais, inclusive primatas?
O senso moral e a consciência são possíveis autapomorfias (caracter derivado e exclusivo)em plena evolução na espécie humana? Essas duas novidades evolutivas seriam as raízes mais profundas dos conflitos existenciais humanos? Ou seja, conflitos entre os impulsos do ego (egoísmo) e os dítames da consciência (respeito)?
Existe alguma relação entre o senso moral, a inteligência auto-consciente, a religiosidade e o sentimento verdadeiro de caridade? Essa interação seria um caso de evolução associada de caracteres (ou progressão correlata) em pleno desenvolvimento no Homo sapiens?
Nesse contexto, a espécie humana representaria um marco singular na história evolutiva da vida na Terra? Em outras palavras, estamos sendo os promotores da principal transição evolutiva que já ocorreu aqui, a transição da Vida Inconsciente para a Vida Consciente?
Essas discussões estão em ebulição na literatura corrente, envolvendo as ciências biológicas, a psicologia evolucionista, a antropologia, a filosofia e a teologia...
Quem quiser aprofundar nessas questões, Livros como "As origens da virtude" (autor: Matt Ridley), "O animal moral" (Robert Wright) e "Tábula Rasa" (Steven Pinker) compilam diversos estudos publicados sobre essa temática tão instigante, atual e importante para a compreensão da evolução humana.

Postado por Wagner R. Silva em 31/Agosto/2010.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Aves do Cerrado pelas lentes do Madione





Eu gosto de fotografar aves principalmente as do cerrado, pois há uma grande diversidade de espécies. Em meu rancho ( Rifaina) há alguns fragmentos de mata que pode ser visto aqui indicado com setas vermelhas, nestes ja foram vistos diversos animais: tamanduá bandeira, onça parda, capivara, cascavel( crotalus), caninana, tatu, sagui, peixes, várias aves e algumas plantas. Pretendo postar aqui no blog da EDP e no nosso blog ( zoologia em foco). As fotos deste post foram feitas por mim no rancho. Alguém sabe me dizer que aves são essas?

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Para saber mais sobre a preparação e o plano de aula


Para saber mais sobre competências  navegue pelas sugestões a seguir.Aqui você encontrará um resumo do livro do Perrenoud. E aqui uma entrevista com ele.  

Sobre os planos de aula, por hora penso que podem se divertir aqui e aqui.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Réptil extinto lembra mamífero



Agência FAPESP – Uma nova espécie de crocodiliano do Período Cretáceo (de cerca de 145,5 milhões a 65,5 milhões de anos atrás) foi descoberta no sudoeste da Tanzânia, com pernas mais finas e dentes que até então eram considerados exclusivos de mamíferos.

Os crocodilianos formam uma ordem de répteis aquáticos e ovíparos, que inclui os crocodilos, jacarés e o gavial, e são encontrados especialmente em regiões tropicais do mundo. Os crocodiliformes do Cretáceo, chamados de notossúquios, eram parentes distantes dos crocodilos e jacarés modernos.

Os notossúquios, que viviam nas massas terrestres do supercontinente Gondwana, tinham um nível de diversidade tanto morfológica como ecológica muito maior do que a encontrada nos atuais crocodilos. Um exemplo está na boca: em vez de fileiras de caninos cônicos e iguais, seus dentes eram divididos em tipos especializados em morder e em outros feitos para esmagar.

A descoberta da nova espécie, cujo fóssil foi encontrado em rochas de 105 milhões de anos, foi publicada na edição desta quinta-feira (5/8) da revista Nature.

Segundo Patrick O’Connor, do Ohio University College of Osteopathic Medicine, e colegas, na espécie, denominada Pakasuchus kapilimai, as fileiras superior e inferior de dentes entravam em contato de modo semelhante ao que até hoje havia sido observado apenas em mamíferos.

O animal também tinha o tamanho aproximado de um gato doméstico e era mais magro do que os crocodilianos atuais. Possuía ainda um pescoço flexível. Apesar das características inusitadas para a ordem, os cientistas afirmam que se tratava de um crocodiliforme.

A dentição mais complexa indica uma capacidade de processar alimentos que os crocodilos atuais – que simplesmente mordem e engolem – não possuem, mas os mamíferos sim.

De acordo com o estudo, o Pakasuchus kapilimai e outros notossúquios podem ter ocupado nichos ecológicos na Gondwana (supercontinente ao sul) que correspondiam aos preenchidos por mamíferos no hemisfério Norte.

“Um número de características dessa nova espécie – incluindo a redução no número de dentes e uma dentição especializada e similar à divisão em caninos, premolares e molares – é muito semelhante a características que foram críticas durante o curso da evolução dos mamíferos do Mesozóico para o Cenozóico”, disse O’Connor.

O artigo The evolution of mammal-like crocodyliforms in the Cretaceous Period of Gondwana (doi:10.1038/nature09061), de Patrick M. O’Connor e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em http://www.nature.com

Autor(a)/Créditos: http://www.agencia.fapesp.br/materia/12581/divulgacao-cientifica/reptil-extinto-lembra-mamifero.htm

Estudo aponta despreparo de professores de Ciências em aulas de educação sexual



Estudo aponta despreparo de professores de Ciências em aulas de educação sexual

No Brasil, os professores de Ciências Biológicas com frequência não estão preparados para sanar as dúvidas dos estudantes do ensino fundamental sobre temas relativos à sexualidade. Isso acontece porque ao longo da formação desses profissionais a educação sexual é baseada quase que exclusivamente no aspecto biológico, deixando as dimensões humana e histórica em segundo plano. A constatação é da educadora Cláudia Ramos de Souza Bonfim, que acaba de defender tese de doutorado sobre o assunto na Faculdade de Educação (FE) da Unicamp, sob orientação do professor Sílvio Ancizar Sanches Gamboa. Segundo ela, as crianças e adolescentes de hoje anseiam por informações que vão além dos aspectos anatômicos e fisiológicos, e os educadores precisam estar aptos para preencher essa expectativa.

Atual vice-presidente da Associação Brasileira de Educação Sexual (Abrades), Cláudia Bonfim conta que o interesse em pesquisar o tema surgiu a partir da sua experiência como professora de Ciências em escolas de ensino fundamental. Ao deparar com as dúvidas dos alunos acerca de questões ligadas à sexualidade, ela própria percebeu que não havia sido devidamente preparada para esclarecê-los.

Quando o assunto é educação sexual, afirma a autora da tese, os cursos superiores de Ciências Biológicas costumam se ater quase que exclusivamente às vertentes anatômicas e fisiológicas dessa área do conhecimento. "Embora sejam importantes, elas não são suficientes para dar conta de explicar todos as nuances envolvidas num assunto tão relevante e complexo", afirma.

Sigmund Freud: Novos paradigmasConforme Cláudia Bonfim, ao falarem de educação sexual durante as aulas, os professores de Ciências normalmente repisam tópicos como métodos contraceptivos, gravidez precoce e doenças sexualmente transmissíveis. "É necessário dissociar a sexualidade dos seus aspectos meramente negativos, como a questão do pecado ou como um desejo vergonhoso, que precisa ser profundamente controlado e silenciado. Ao silenciar o prazer, a potencialidade afetiva e a possibilidade de realização plena, a sociedade e a escola reforçam uma sexualidade procriativa, utilitarista, banal e consumista", afirma. No seu entender, é preciso falar sobre esses tópicos, mas também é indispensável ir além. "É fundamental, por exemplo, desenvolver uma visão mais crítica acerca da construção da sexualidade, de modo a promover um resgate histórico, político e filosófico do tema", acrescenta a especialista.

Nesse sentido, a autora da tese defende a criação de uma disciplina que trate da sexualidade humana no curso de Ciências Biológicas. Este, insiste ela, deve contemplar a construção histórica da sexualidade desde a Biologia às Ciências Humanas e da Saúde, com uma maior atenção à cultura, às políticas e às cenas contemporâneas, cujos produtos midiáticos têm produzido "significações" que influem diretamente na forma com que a sexualidade vem sendo vivida. "Ademais, por ser um tema transversal, é desejável que o tema também seja tratado nos demais cursos de Licenciatura e Pedagogia".

Michel Foucault: novos paradigmasNo entender da vice-presidente da Abrades, a falta de conhecimento dos professores, somada ao despreparo das famílias para falar sobre sexualidade, contribui para a desinformação dos jovens. Estes, por sua vez, tentam esclarecer as dúvidas em fontes pouco confiáveis, como amigos, sítios da internet ou televisão. "Os docentes pouco conseguiram avançar na superação da visão moralista, repressiva e biologista, o que se consolida, como já dito, pela falta de formação adequada desses profissionais. Os educadores encontram grande dificuldade para abordar um tema tão necessário como a educação sexual, especialmente em tempos de globalização e de difusão, por parte da mídia, de uma avalanche precoce, banal e hedonista do sexo".

Ao exibir telenovelas com cenas em que as pessoas possuem vários relacionamentos ao mesmo tempo e reportagens de adolescentes que vão para as baladas para disputar quem beija mais, prossegue Cláudia Bonfim, a televisão banaliza a discussão. "Está faltando falar de afeto. Falta, ainda, dizer que a sexualidade não está restrita aos genitais. A sexualidade envolve a mente e o corpo todo". Na sociedade atual, acrescenta a autora da tese, a sexualidade foi animalizada em vez de ser humanizada. "Cada vez mais, busca-se o prazer pelo prazer. Estamos esquecendo de transmitir com naturalidade aos jovens que sexo é bom, faz bem, pode ser vivido plenamente até a velhice, mas tem que ser feito com respeito, admiração e afeto pelo parceiro".

Passagem

Como tema, a sexualidade sofreu uma passagem histórica do campo da Biologia para o das Ciências Humanas. Num primeiro momento, explica Cláudia Bonfim, a sexualidade não tinha um peso econômico. Sua função era essencialmente a de perpetuar a espécie. As questões relativas ao assunto eram analisadas a partir de uma visão notadamente biológica, fundada nas contribuições dadas pelas pesquisas de Darwin, Lamarck e Mendel. Entretanto, com a mudança dos modos de produção, proporcionada pela Revolução Industrial, outros aspectos passaram a ser considerados. "A sociedade patriarcal passou a depositar um grande peso na sexualidade. A abordagem assumiu um caráter moralista, sempre em conformidade com o que pregava a Igreja Católica. Por essa posição, o sexo só poderia ser vivido dentro do casamento. A Igreja ainda nos condicionou a uma repressão sexual, não necessariamente para controlar nossos prazeres, mas para ter controle sobre aquilo que a sociedade considera fundamental: a garantia da perpetuação e legitimação da propriedade privada", detalha a pesquisadora.

A educadora Cláudia Ramos de Souza Bonfim: "É fundamental desenvolver uma visão mais crítica acerca da construção da sexualidade"A questão do filho legítimo, segundo ela, é exemplar nesse sentido. Ele era necessário para que o patriarca pudesse ter a quem deixar a herança da família. Ademais, o corpo permaneceu sendo visto como algo desprovido de sexualidade durante muito tempo. Era considerado antes de tudo um instrumento de trabalho. "A sexualidade humana não constituiu objeto de saber até o século XVII. A moral reinante prescrevia o silêncio sobre o sexo. Somente nos séculos XVII e XVIII é que são produzidos, por interesses diversos, como a expansão colonial, a industrialização incipiente e a consequente necessidade de povoação das colônias, novos discursos sobre a procriação e a sexualidade". O tema somente começou a ser objeto de uma reflexão humanista e crítica graças aos trabalhos de Marcuse, Engels, Foucault e Freud.

Atualmente, reforça Cláudia Bonfim, a sociedade vulgarizou ao extremo a sexualidade. "Nós ainda não conseguimos estabelecer um equilíbrio entre a repressão e a banalidade. Muitos pais vestem suas filhas de seis ou sete anos com roupas adultas, expondo precocemente a sua sexualidade, por meio de uma erotização inconsciente do corpo da criança. Não por acaso, as adolescentes estão ficando grávidas cada vez mais cedo. Sem que busquemos uma base histórica, filosófica e crítica, não conseguiremos alterar essa situação. Penso que o educador, com a devida contribuição da família, deve cumprir um papel central nessa tarefa, mas ele precisa ser devidamente qualificado para tal. Um integrante da banca que avaliou minha tese chegou a me perguntar se a minha visão não seria utópica. O que respondi é que se trata de uma utopia lúcida e desafiadora", finaliza a educadora, que trabalha atualmente como docente no curso de Pedagogia da Faculdade Dom Bosco e na Secretaria de Educação de Cornélio Procópio, município do Estado do Paraná.

Autor(a)/Créditos: Jornal da Unicamp, MANUEL ALVES FILHO