domingo, 29 de maio de 2011

Pássaros expulsos do cerrado pelo aquecimento global

O professor e chefe do Departamento de Zoologia da Universidade de Brasília, Miguel Ângelo Marini, desenvolveu uma pesquisa junto a colaboradores brasileiros e franceses mostrando que 38 espécies de pássaros do cerrado serão "expulsas" do cerrado para o sudeste, devido as mudanças climáticas, até 2099.

Os pesquisadores levaram em conta as previsões do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) que estuda o aquecimento do planeta. Esses modelos climáticos mostram que até 2099 a temperatura do cerrado aumentará em média 3,5º C. Em algumas áreas mais quentes, a temperatura passará dos 40º C. Esse aumento afeta toda a fisiologia dos animais, que serão obrigados a procurar áreas onde o clima seja mais parecido com o qual estão acostumados, explica o professor Miguel A. Marini.

O Cerrado abriga 837 espécies de aves, 49% das espécies brasileiras. A pesquisa se deu com 38 espécies endêmicas, que são as que mais sofrem com alterações da paisagem, já que desenvolveram características de adapatação específicas para sobrevivência naquela determinada área.

Para sua pesquisa, Marini traçou o mapa de distribuição geográfica de cada uma das 38 espécies então sobrepôs esses mapas às previsões do IPCC para os anos de 2030, 2065 e 2099, verificando que houve diminuição do espaço para a sobrevivência de todas as 38 espécies.

Para o campainha-azul, por exemplo, a redução da área de distribuição será de 17%, esta espécie já se encontra próxima de ameaça de extinção de acordo com a organização internacional Bird Life. O que mais sofreu perda de espaço foi o jacu-de-barriga-castanha (Penelope ochrogaster) uma ave exclusiva do Brasil, com 80% menos de seu território. Quem perderá muito, 74%, também, é o pula-pula-de-sobrancelha (Basileuterus leucophrys). O beija-flor chifre-de-ouro (Heliactin bilophus) que é um importante polinizador de plantas do cerrado terá 31% menos espaço.

A sobrevivência dessas espécies depende de um equilíbrio ambiental. O professor Roberto Cavalcanti explica: "O regime das águas depende da vegetação nativa, e a reprodução das plantas e a dispersão de sementes de muitas espécies depende da fauna, como pássaros e morcegos".

Fonte: http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=5114http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=5114
Jornal Darcy - UnB

Postado por Raquel Chaves Macedo

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