segunda-feira, 23 de abril de 2012

2ª Etapa (continuação): Perereca de folhagem com perna reticulada


Então galerinha, dando continuidade às discussões sobre a fauna do Cerrado (mais uma etapa da disciplina de EDP 4), trouxemos informações sobre mais uma espécie que habita esse bioma: eis a Phyllomedusa ayeaye, mais conhecida como Perereca-de-folhagem-com-perna-reticulada.

Esse ‘pequeno ser’ era típico apenas da região do Morro do Ferro, em Poços de Caldas - MG.¹ Embora seja considera restrita, recentemente, foi registrada na Serra da Canastra, São Roque de Minas – MG e, também no sudeste do Brasil no Parque Estadual das Furnas do Bom Jesus em São Paulo.² As espécies da subfamília (Phyllomedusinae) tem distribuição combinada pela América do Sul à leste dos Andes, Venezuela, Guianas, Peru, Equador, Brasil, Bolívia, Paraguai e norte da Argentina. 3

Descrita por B. Lutz em 1966 a espécie Phyllomedusa ayeaye, é  facilmente encontrada em poças de riachos e brejos próximos a matas de galeria.¹ (definição na parte de ecologia). A Família Hylidae, apresenta caracteres únicos: pupila em fenda vertical, cor verde no dorso e regiões ocultas com padrões contrastantes de vermelho, azul e amarelo³. Faz parte do grupo de formas pequenas. Machos e fêmeas possuem diferentes comprimentos (rostro-cloacal), 31,0 – 16,5mm e 40,0 – 53,0 mm respectivamente. 4

 A vocalização, como um instrumento de atração das fêmeas para amplexo (acasalamento), ocorre durante a época de chuvas e, para essa espécie, o canto possui frequências mais graves. Os machos são territoriais e usam de contato físico para agarrar o seu suposto adversário na tentativa de desaloja-lo do ramo em que está vocalizando.5

Durante o amplexo (acasalamento), a desova é feita em folhas dobradas pelo casal, cujas bordas ficam coladas por cápsulas gelatinosas, expulsas durante a oviposição. Com isso, as larvas eclodem na própria folha e, só depois, caem na água onde completam seu desenvolvimento.6

O nome científico da espécie, phyllos= folha e medusa=protetora, é reflexo do modo de vida essencialmente arborícola que a mesma possui.

Anfíbios são ecologicamente importantes quanto a dinâmica dos ecossistemas. Estes desempenham a função de atuar como vetores no fluxo de nutrientes conectando dois ecossistemas: aquático e terrestre. Sua pele permeável é extremamente sensível a poluição e a qualquer alteração no habitat. Por isso são considerados excelentes bioindicadores.7

Consta pela lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza como, criticamente em perigo. Assim o é, também, na lista das espécies de anfíbios brasileiros ameaçados de extinção e no Livro Vermelho das Espécies Ameaçadas da Fauna de Minas Gerais.

Boa semana! Ah, o espaço está aberto pra discussões, críticas, etc. ... certo? Até a próxima.


Bibliografia:

¹ LUTZ, B. Pithecopus ayeaye, a new brazilian hylid with vertical pupils and grasping feet. Copeia. Ano 1966.

² ARAUJO, C.O., CONDEZ, T.H. & HADDAD, C.F.B. Amphibia, Anura, Phyllomedusa ayeaye (B. Lutz 1966): distribution extension, new state record and geographic distribution map. Check List.  2007b.

³ ___________. The amphibians of São Paulo State, Brazil amphibians of São Paulo. Biota Neotrop. Vol.9 no.4 Campinas Oct./Dec. 2009.



6 _______________. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção - Anfíbios. Vol. II.

7 ÁLVARES, G. F. R. Taxonomia, Distribuição Geográfica Potencial e Conservação das Espécies de Phyllomedusa do Grupo hypochondrialis. Dissertação de Mestrado em Engenharia Florestal, Publicação PGEFL – 116/09, Departamento de Engenharia Florestal, Universidade de Brasília, DF, 95p. 2009.




Grupo: Fernanda Velasco, Jéssica Ferreira e Thamires Manfrim.

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